Ellie (Claudette Colbert), filha delicada e mimada de um milionário, ameaça casar com o playboy e notório oportunista Wesley. A fim de evitar futuras comunhões pouco dignas, o pai mantém-na presa num luxuoso iate. Ellie consegue escapar e, com rumo a Nova Iorque (onde Wesley a espera), compra um bilhete para uma longa viagem de autocarro; o que não esperava era ter de partilhar o último lugar disponível com Peter Warne (Clark Gable), um jornalista recém-desempregado que vê em Ellie a oportunidade de recuperar a sua carreira. É uma dupla que nasce por necessidade, não por amizade; e como tal, não se suportam – mas isso resolve-se à medida que os quilómetros passam.
É verdade que isto é uma história mais que batida, um cliché absoluto. Mas é também verdade que com It Happened One Night, foi a primeira vez que a contaram. E não é só pelo enredo que a obra de Capra se destaca como pioneira.
Este foi também um dos primeiros filmes a ser sujeito à censura cinematográfica americana, uma vez que em 1934 já não estávamos na terra prometida do Pre-Code, mas sim nos primórdios da câmara escura que foi o Hays Code. Por alguma razão Peter teve de separar a sua cama da de Ellie por um muro de toalhas e cobertores – que seria se dormissem em duas camas, separadas só por uma mesinha de cabeceira e um tapete. Com esta cena, It Happened One Night foi também um dos primeiros a tentar contornar o Código: apesar de separados pelo muro de Jericó, Ellie ainda tem tempo para presenciar o mini-strip de Peter antes de se retirar para o seu lado.
Foi ainda o primeiro filme na história a conquistar as cinco grandes categorias dos Óscares da Academia – Melhor Argumento Adaptado (Riskin), Melhor Actriz (Colbert), Melhor Actor (Gable), Melhor Realizador (Capra) e Melhor Filme. Mas pensem agora nisto: reza a lenda hollywoodiana que Clark Gable só fez o filme por castigo; que o papel de Ellie foi recusado por algumas das melhores actrizes da época; e que a própria Claudette Colbert só aceitou entrar no filme pelo dobro do salário normal, chegando mesmo a afirmar no final da produção que acabou de fazer “o pior filme da história”.
Esta ideia errada sobre a qualidade do filme está de certa forma relacionada com a sua derradeira inovação: em parceria com o aclamado argumentista Robert Riskin, Frank Capra praticamente criou o sub-género da comédia, screwball comedy – em português chamam-lhe “comédia maluca”, e verdade seja dita, estes filmes são uma sequência de parvoíces.
It Happened One Night marca ainda a transição de Frank R. Capra para Frank Capra, nome sob o qual realizou (curiosamente, com todas as limitações do Hays Code) alguns dos grandes filmes do cinema americano.
I LOVE this movie! The history behind it is fascinating, especially since Gable allegedly said on the first day of shooting “Let’s get this over with.”
Me too!! To think how wrong actors can be, and how unpredictable the movie business was in that time…it’s fascinating!